segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Síntese de "O Livro dos Espíritos"

Capítulo 7

– Parte Primeira –

Das Causas Primárias

– Capítulo I –

De Deus

1Deus e o infinito. 2 Provas da existência de Deus.
3 Atributos da Divindade. 4 Panteísmo.

      1 Deus e o infinito

Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Será Deus o infinito? Tudo o que é desconhecido é infinito, mas essa definição é incompleta. A linguagem humana é insuficiente para definir o que está acima de seus conhecimentos.

      2 Prova da existência de Deus

A prova da existência de Deus se encontra nas obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Essa causa é Deus. A sua obra é o efeito. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus é uma prova de que ele existe. Esse sentimento é inato também nos povos selvagens.

Nas propriedades íntimas da matéria não se pode encontrar a causa primária de todas as coisas, pois se assim fosse estaríamos tomando o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são também um efeito que há de ter uma causa. Atribuir a formação primária a uma formação fortuita da matéria ou ao acaso, é outro absurdo. Pela obra se conhece o autor. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, há de se atribuir a causa primária a uma inteligência superior à Humanidade – Deus.

      3 Atributos da divindade

O homem não pode compreender a natureza íntima de Deus, pois falta-lhe, para isso, o sentido próprio. Quando alcançar a perfeição, isto é, quando não tiver mais seu Espírito obscurecido pela matéria, poderá ele ver e compreender Deus. Sabemos que Deus é eterno, porque não teve princípio; que é imutável, porque não está sujeito a mudanças; que é imaterial, pois difere de tudo o que é matéria, e, finalmente, que é único, onipotente, soberanamente justo e bom. Se muitos deuses houvesse deixaria de ser onipotente, pois algo haveria mais poderoso. A sabedoria providencial das leis divinas se revela em todas as coisas, o que nos permite não duvidar da justiça, nem da bondade de Deus.

      4 Panteísmo

Dizer-se que Deus é a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo, reunidas, é negar a sua existência, porquanto seria efeito e não causa. Admitindo-se que todos os seres e todos os mundos são partes da Divindade, está se fazendo de Deus um ser material, sujeito a evolução, o que vem de encontro ao atributo imutabilidade. A escola Panteísta, confunde o Criador com a criatura, como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante de quem a construiu. A inteligência de Deus se revela em suas obras, mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o executou.

– Capítulo II –

Dos elementos gerais do Universo

1 Conhecimento do princípio das coisas. 2 Espírito e matéria.
3 Propriedades da matéria. 4 Espaço universal.

      1 Conhecimento do princípio das coisas

O conhecimento do princípio das coisas é dado ao homem gradativamente, à medida que ele se depura e que outras faculdades vão surgindo nele. Pelas investigações científicas, o homem vai penetrando nos segredos da natureza. Às vezes, Deus permite revelações que estão além dos conhecimentos normais da ciência. Por essas revelações o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro.

      2 Espírito e matéria

Se a matéria existe desde toda a eternidade, ou se foi criada depois, só Deus o sabe. Mas, de uma coisa estejamos certos: Deus nunca esteve inativo. Criou e cria sempre.

A matéria não é somente o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos; ela existe em estado ainda desconhecido. Embora seja etérea e sutil, que nenhuma impressão cause aos nossos sentidos, não deixa de ser matéria. A matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito, exercendo sua ação. O Espírito, princípio inteligente do Universo, independe da matéria. São distintas uma do outro. Entretanto, pode se conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito, isto é, pelo pensamento.

No Universo há dois elementos gerais: a matéria e o Espírito. Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe – a trindade universal. O fluido elétrico e o magnético são modificações do fluido universal, que é a matéria mais sutil e que se pode considerar independente. A matéria e o princípio inteligente estão subordinados a uma inteligência suprema – Deus.

      3 Propriedades da matéria

A ponderabilidade não é considerada atributo do fluido universal. Este é imponderável, mas nem por isso deixa de ser o princípio da matéria pesada. As modificações que sofrem as moléculas elementares da matéria dão origem às diversas propriedades destas, cujas modificações se dão por efeito da sua união, em circunstâncias especiais. O oxigênio, o carbono, o azoto, enfim todos os corpos considerados simples, são meras modificações de uma substância primitiva. A força e o movimento são duas propriedades inerentes à matéria. As demais propriedades são efeitos secundários, que variam conforme a disposição das moléculas: um corpo opaco pode se tornar transparente e vice-versa. A forma das moléculas pode ser constante ou variável. A das moléculas elementares primitivas é constante, porém a das moléculas secundárias, que são aglomerações das primeiras, é variável. Daí porque há diversidade na natureza.

      4 Espaço

O espaço universal não tem limites. Supondo-se limitado, o que haverá além de seus limites? Não há vazio em a natureza. Em parte alguma do espaço universal há vácuo absoluto. O que parece vazio está ocupado por matéria que escapa aos nossos sentidos e instrumentos.

– Capítulo III –

Da Criação

1 Formação dos mundos. 2 Formação dos seres vivos. 3 Povoa-mento da Terra. Adão. 4 Diversidade das raças humanas.
5 Pluralidade dos mundos. 6 Considerações e concordâncias bíblicas no tocante à criação.

      1 Formação dos mundos

O Universo abrange todos os mundos, visíveis e invisíveis, todos os seres animados e inanimados, todos os astros e os fluidos que enchem o espaço infinito. O universo foi criado pela vontade de Deus, através da condensação da matéria. Não se pode conhecer o tempo que dura a formação dos mundos, nem quando desaparecerão, mas é certo que Deus os renova como renova os seres vivos.

      2 Formação dos seres vivos

Quando a Terra atingiu as condições necessárias ao aparecimento da vida, surgiram então os primeiros seres vivos que aguardavam em estado de germens. Os princípios orgânicos se congregaram e se multiplicaram, cada um segundo sua espécie. Esses elementos orgânicos se encontravam em estado fluídico, no espaço ou em outros planetas, à espera da criação da Terra para começar aí existência nova. A espécie humana também veio a seu tempo. A época do aparecimento do homem e de outros seres vivos não se pode determinar com exatidão.

      3 Povoamento da Terra. Adão

A espécie humana não começou por um único homem. Kardec, comentando a resposta dada pelos Espíritos sobre o povoamento da Terra e a época em que viveu Adão (4000 anos a.C.), entre outras coisas diz:

      "As leis da Natureza se opõem a que os progressos da humanidade, comparados muito tempo antes do Cristo, se tenham realizado em alguns séculos, como houvera sucedido se o homem não existisse na Terra senão a partir da época indicada para a existência de Adão. Muitos, com muita razão, consideram Adão um mito ou uma alegoria que personifica as primeiras idades do mundo".

      4 Diversidade das raças humanas

O clima, a vida e os costumes influíram na diversidade das raças. Em várias épocas o homem surgiu em diferentes pontos do globo, mas constituindo sempre a mesma espécie. Daí porque se diz que todos os homens são irmãos em Deus.

      5 Pluralidade dos mundos

Em todos os mundos, quando alcançam condições favoráveis à vida, ela aparece. Há mundos inferiores e superiores à Terra. Dizer-se que somente a Terra é habitada, é duvidar-se da sabedoria de Deus, que não faz coisa alguma inútil. A constituição física dos diferentes mundos não se assemelha. Cada ser que os habita possui uma organização própria ao ambiente, como os peixes possuem um organismo adequado à vida debaixo das águas. Os mundos mais afastados do Sol não ficam privados da luz e do calor. Há outras fontes, como a eletricidade, por exemplo, que exercem importante papel nesse sentido.

      6 Considerações sobre a criação

Diz a Bíblia que o homem foi o último a ser criado. Com efeito, pelos arquivos encontrados na Terra, a ciência descobriu a ordem em que surgiram os seres vivos, ordem essa mais ou menos de acordo com o que relata o Gênese de Moisés. Por outro lado, há profunda divergência na maneira miraculosa como foi executado o trabalho da criação, pois ao invés de ser realizado em alguns dias, levou alguns milhões de anos, conforme as leis que regem os fenômenos da natureza. Mas, de qualquer forma, Deus não ficou sendo menos poderoso. Sua vontade se fez sentir para a realização da grande obra, embora o prazo tenha sido dilatado, grandemente. E o homem, de acordo com a ciência, realmente surgiu em último lugar.

– Capítulo IV –

Do princípio vital

1 Seres orgânicos. 2 A vida e a morte. 3 Inteligência e instinto.

      1 Seres orgânicos e inorgânicos

Os seres orgânicos nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. A essa classe pertencem o homem, os animais e as plantas. Os inorgânicos não têm vida própria e se formam pela agregação de matéria. São os minerais, a água, o ar, etc. É a mesma força que une os elementos dos corpos orgânicos e inorgânicos. Essa força é regida pela lei da atração. Nos corpos orgânicos, a matéria se acha animalizada, através de sua união com o princípio vital, que dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam. Esse fluido se modifica segundo a espécie a que constitui. É ele que lhe dá movimento e atividade e o distingue da matéria inerte.

      2 A vida e a morte

A morte dos seres orgânicos se dá quando há esgotamento dos órgãos que os constituem. O princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem, volta à massa de onde saiu, porém, a matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos.

A quantidade de fluido vital varia de acordo com o indivíduo. Alguns há que se acham saturados desse fluido, enquanto outros possuem somente o necessário para viver. Ele se transmite de um indivíduo a outro. Na transmissão do passe, por exemplo, ocorre esse fenômeno.

      3 Inteligência e instinto

Será a inteligência atributo do princípio vital? Não, pois as plantas vivem e não pensam. A inteligência e a matéria são independentes. É preciso que o Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la.

Dependerá o instinto da inteligência? Não, o instinto é uma espécie de inteligência sem raciocínio, porém não se pode estabelecer uma linha de separação entre ambos, pois sempre se confundem. No homem existe, mas ele o despreza.

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