quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A ALMA: SEDE DE TODAS AS PERCEPÇÕES E SENSAÇÔES

ESTUDO

Obs: As obras da pesquisa são citadas no texto.


Quando falamos da alma ou espírito elementar devemos considerar o espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou invólucro material. Assim na resposta da questão 23 de O Livro dos Espíritos, livro 1º., cap. II, podemos observar que a alma é o princípio inteligente do Universo.


É assim que Allan Kardec nos instrui no livro O que é o Espiritismo - Cap. II, itens 9, 10 e 14 quando diz:



Que durante a vida a alma está ligada ao corpo e, tem duplo envoltório:

*

um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo;
*

o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.

Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais:

1º . A alma ou espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral;


2º . O corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo exterior;



3º. O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o Corpo.”

*

A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem.
*

A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito.

In nota referindo-se aos itens acima citados o codificador do Espiritismo esclarece que:

*

A alma é assim um ser simples;
*

o Espírito um ser duplo (1), e
*

o homem um ser triplo.

Seria portanto mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença.



O perispírito é o órgão de transmissão de todas as sensações do espírito. O corpo recebe uma sensação que vem do exterior, o perispírito que está ligado a esse corpo transmite essa sensação e o espírito, que é o ser sensível e inteligente a recebe. E vice-versa: quando o ato é de iniciativa do espírito, o perispírito transmite e o corpo executa. (2)



Sobre as sensações e percepções do espírito Kardec in Revista Espírita - janeiro 1866 (A JOVEM CATALÉPTICA DE SOUABE), diz que:



A alma é o ser inteligente;

*

nela está a sede de todas as percepções e de todas as sensações;
o

sente e pensa por si mesma;
o

é individual, distinta, perfectível, pré-existente e sobrevivente ao corpo.

O corpo é seu envoltório material:

*

É o instrumento de suas relações com o mundo visível.

*

Durante a sua união com o corpo, ela percebe por intermédio dos sentidos, transmite seu pensamento com a ajuda do cérebro;
*

Separada do corpo, ela percebe diretamente e pensa mais livremente.

*

Tendo os sentidos uma importância circunscrita, as percepções recebidas por seu intermédio são limitadas, e, de alguma sorte, amortecidas;
*

Recebidas sem intermediário, são indefinidas e de uma sutileza que nos espanta, porque ultrapassa, não a força humana, mas todos os produtos de nossos meios materiais.

Pela mesma razão o pensamento transmitido pelo cérebro é peneirado por assim dizer através desse órgão. A grosseria e os defeitos do instrumento o paralisam e o abafam em parte, como certos corpos transparentes absorvem uma parte da luz que os atravessa. A alma, obrigada a se servir do cérebro, é como um músico muito bom diante de um instrumento imperfeito. Livre desse auxiliar incômodo, ela desdobra todas as suas faculdades.

*

Tal é a alma durante a vida e depois da morte;


o

Há, pois, para ela, dois estados:

*

O de encarnação ou de constrangimento, e o de
*

desencarnação ou de liberdade;

Em outros termos:

*

O da vida corpórea e
*

O da vida espiritual.
*

A vida espiritual é a vida normal, permanente da alma;
*

A vida corpórea é transitória e passageira.

Durante a vida corpórea, a alma não sofre constantemente o constrangimento do corpo, e aí está chave desses fenômenos físicos que não nos parecem tão estranhos senão porque nos transportam para fora da esfera habitual de nossas observações; são qualificados de sobrenaturais, embora em realidade estejam submetidos a leis perfeitamente naturais, mas porque essas leis nos eram desconhecidas. Hoje, graças ao Espiritismo, que fez conhecer essas leis, o maravilhoso desapareceu.

*

Durante a vida exterior de relação, o corpo tem necessidade de sua alma ou Espírito por guia, a fim de dirigi-lo no mundo; mas
*

Nos momentos de inatividade do corpo, a presença da alma não é mais necessária;
*

Dele se liberta, sem no entanto deixar de estar-lhe presa por um laço fluídico que a chama desde que a necessidade de sua presença se faça sentir;
*

Nesses momentos ela recobra em parte a liberdade de agir e de pensar da qual não gozará completamente senão depois da morte do corpo, quando dele estará completamente separada.

Essa situação foi espiritualmente e muito veridicamente descrita pelo Espírito de uma pessoa viva, que se comparava a um balão cativo, e por um outro, o Espírito de um idiota vivo que dizia ser como um pássaro preso pelo pé. (Revista Espírita, junho de 1860, p. 173.)

*

Esse estado, que chamamos emancipação da alma, ocorre normalmente e periodicamente durante o sono;
*

Só o corpo repousa para recuperar suas perdas matérias; mas o Espírito, que nada perdeu, aproveita esse descanso para se transportar onde quer.

Além disto, ocorre excepcionalmente todas as vezes que uma causa patológica, ou simplesmente fisiológica, produz a inatividade total ou parcial dos órgãos da sensação e da locomoção; é o que se passa na catalepsia, na letargia, no sonambulismo.

*

O desligamento ou, querendo-se, a liberdade da alma é tanto maior quanto a inércia do corpo é mais absoluta;

É por esta razão que o fenômeno adquire o seu maior desenvolvimento na catalepsia e na letargia. Neste estado, a alma não percebe mais pelos sentidos materiais mas, podendo-se exprimir-se assim, pelos sentidos psíquicos; é porque suas percepções ultra-passam os limites comuns; seu pensamento age sem o intermédio do cérebro, é por isto que ela desdobra as faculdades mais transcendentais do que no estado normal.

*

A causa do fenômeno da segunda vista não é outro senão a visão direta pela alma;
*

Da visão à distância, que resulta no transporte da alma ao lugar que ela descreve; da lucidez sonambúlica, etc.

A ciência procurará em vão a solução desses fenômenos enquanto fizer abstração do elemento espiritual, porque é nela que está a chave de todos esses pretensos mistérios.



Na Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), ANO 9 - JANEIRO 1866 - Nº. 1:

"Publica-se neste momento uma importante obra que interessa no mais alto grau à Doutrina Espírita, e que não podemos melhor fazer conhecer senão pela análise do prospecto.

NOVO DICIONÁRIO UNIVERSAL, panteão literário e enciclopédia ilustrada, por MAURICE LACHATRE, com o concurso de sábios, de artistas e de homens de letras, segundo os trabalhos de: Allan Kardec, Ampère, Andral, Arago, Audouin, Balbi, Becquerel, Berzelius, B!ot, Brongnard, Burnouf, Chateaubriand, Cuvier, Flourens, Gay- Lussac, Guizot, Humboldt, Lamartine, Lamennais, Laplace, Magendie, Michelet, Ch. Nodier, Orfila, Payen, Raspail, de Sacy, J. B. Say, Thiers, etc., etc."


(...)


Em apoio às observações acima e como espécime da maneira pela qual as questões espíritas são tratadas nessa obra, citaremos a explicação que se encontra para a palavra ALMA. Depois de ter longamente e imparcialmente desenvolvido as diferentes teorias da alma, segundo Aristóteles, Platão, Leibniz, Descartes e outros filósofos, que não podemos reproduzir por causa de sua extensão, o artigo termina assim:

"SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA, a alma é o princípio inteligente que anima os seres da criação e lhes dá o pensamento, a vontade e a liberdade de agir. Ela é imaterial, individual e imortal; mas sua essência íntima é desconhecida: não podemos concebê-la absolutamente isolada da matéria senão como uma abstração. Unida ao envoltório fluídico etéreo ou perispírito, ela constitui o ser espiritual concreto, definido e circunscrito chamado Espírito. (V. ESPÍRITO, PERISPÍRITO.) Por metonímia, emprega-se freqüentemente as palavras alma e espírito uma pela outra; diz-se: as almas sofredoras e os espíritos sofredores; as almas felizes e os espíritos felizes; evocar a alma ou o espírito de alguém; mas a palavra alma desperta antes a idéia de um princípio, de uma coisa abstrata, e a palavra espírito a de uma individualidade.

"O espírito unido ao corpo material pela encarnação constitui o homem;



de sorte que no homem há três coisas:



- a alma propriamente dita, ou princípio inteligente;

- o perispírito, ou envoltório fluídico da alma;

- o corpo, ou envoltório material.



- A alma é assim um ser simples;

- o espírito, um ser duplo composto da alma e do perispírito;

- o homem, um ser triplo composto da alma, do perispírito e do corpo.



- O corpo separado do espírito é uma matéria inerte;

- o perispírito separado da alma é uma matéria fluídica sem vida e sem inteligência.

A alma é o princípio da vida e da inteligência; foi, pois, erradamente que algumas pessoas pretenderam que dando à alma um envoltório fluídico semi-material, o Espiritismo dela fez um ser material.

"A origem primeira da alma é desconhecida, porque o princípio das coisas está nos segredos de Deus, e que não é dado ao homem, em seu estado atual de inferioridade, tudo compreender. Não se pode, sobre este ponto, formular senão sistemas. Segundo uns, a alma é uma criação espontânea da Divindade; segundo outros é mesmo uma emanação, uma porção, uma centelha do fluido divino. Aí está o problema sobre o qual não se pode estabelecer senão hipóteses, porque há razões pró e contra. A segunda opinião se opõe, no entanto, esta objeção fundada: sendo Deus perfeito, se as almas são porções da Divindade, elas deveriam ser perfeitas, em virtude do axioma de que a parte é da mesma natureza que o todo; desde então, não se compreenderia que as almas fossem imperfeitas e que tivessem necessidade de se aperfeiçoar. Sem nos deter nos diferentes sistemas tocando a natureza íntima e a origem da alma, o Espiritismo a considera na espécie humana; ele constata, pelo fato de seu isolamento e de sua ação independente da matéria, durante a vida e depois da morte, sua existência, seus atributos, sua sobrevivência e sua individualidade. Sua individualidade ressalta da diversidade que existe entre as idéias e as qualidades de cada um no fenômeno das manifestações, diversidade que acusa para cada uma existência própria.

Um fato não menos capital ressalta igualmente das observações: é que a alma é essencialmente progressiva, e que adquire sem cessar em saber e em moralidade, uma vez que se as vê em todos os graus de desenvolvimento. Segundo o ensino unânime dos Espíritos, ela é criada simples e ignorante, quer dizer, sem conhecimentos, sem consciência do bem e do mal, com uma igual aptidão para um e para outro e para tudo adquirir. Sendo a criação incessante e por toda a eternidade, há almas chegadas ao cume da escala, enquanto que outras nascem para a vida; mas, tendo todas o mesmo ponto de partida, Deus não as criou melhor dotadas umas do que as outras, o que é conforme a sua soberana justiça: uma perfeita igualdade presidindo a sua formação, elas avançam mais ou menos rapidamente, em virtude de seu livre arbítrio e segundo seu trabalho.

Deus deixa assim a cada uma o mérito e o demérito de seus atos, e a responsabilidade cresce à medida que se desenvolve o senso moral. De sorte que, de duas almas criadas ao mesmo tempo, uma pode chegar ao objetivo mais depressa do que a outra, se trabalha mais ativamente para a sua melhoria; mas aquelas que permaneceram atrasadas chegarão igualmente, embora mais tarde e depois de rudes provas, porque Deus não fecha o futuro para nenhum de seus filhos.

A encarnação da alma num corpo material é necessária para o seu aperfeiçoamento; pelo trabalho de que a existência corpórea necessita, a inteligência se desenvolve. Não podendo, numa única existência, adquirir todas as qualidades morais e intelectuais que devem conduzi-la ao objetivo, ela ali chega passando por uma série ilimitada de existências, seja sobre a Terra, seja em outros mundos, em cada um dos quais ela dá um passo no caminho do progresso e se despoja de algumas imperfeições. Em cada existência a alma leva o que adquiriu nas existências precedentes. Assim se explica a diferença que existe nas aptidões inatas e no grau de adiantamento das raças e dos povos. (V. ESPÍRITO, REENCARNAÇÃO.)"

Para estudar mais sobre a alma encontramos em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, PARTE 2ª. - CAPÍTULO II, obra codificada por Allan Kardec:

134. Que é a alma?
“Um Espírito encarnado.”

Observação (A Era do Espírito): Note-se que a alma no mundo dos Espíritos utiliza-se do perispírito para a manifestação da sua individualidade, assim, no mundo espiritual a alma + perispírito = Espírito, e, quando na Terra é um Espírito encarnado, ou melhor, alma + perispírito + corpo físico = homem. (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obra de autoria de Allan Kardec).

134a) - Que era a alma antes de se unir ao corpo?
“Espírito.”

Observação (A Era do Espírito): No mundo espiritual a alma + perispírito = Espírito

134b) - As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa?
“Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.”

135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?
“Há o laço que liga a alma ao corpo.”

135a) - De que natureza é esse laço?
“Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”

NOTA DE ALLAN KARDEC - O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:

1º. - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2º. - a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
3º. - o princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.

136. A alma independe do princípio vital?
“O corpo não é mais do que envoltório, repetimo-lo constantemente.”

136a) - Pode o corpo existir sem a alma?
“Pode; entretanto, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que, depois dessa união se haver estabelecido, a morte do corpo rompe os laços que o prendem à alma e esta o abandona. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.”

136b) - Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
“Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”

149. Em que se torna alma no instante da morte?
“Torna-se Espírito; isto é, entra no mundo dos Espíritos que havia deixado momentaneamente”.

Observação (A Era do Espírito): De alma + perispírito + corpo físico = homem a alma volta a ser Espírito, ou seja, alma + perispírito = Espírito. (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 (obra de autoria de Allan Kardec).



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(1) Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.” (Questão 76 in O Livro dos Espíritos obra codificada por Allan Kardec)

NOTA DE ALLAN KARDEC: A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.


(2) Allan Kardec in O Livro dos Espíritos - qs. 245, 249, 249a, item 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos) e qs. de 367 à 372a (Influência do organismo), O Livro dos Médiuns - 1a parte, cap. II, item 14 - 1a parte, cap. IV, item 51 - 2a parte, cap. I, item 54 e 58 - 2a parte, cap. XVII, item 203 - 2a parte, cap. XIX, item 223, qs. 2ª, 2ªa e 6ª - 2a parte, cap. XIX, item 225 e 2a parte, cap. XXII, item 236, A Gênese - cap. I item 40 - cap. II item 23 - Encarnação dos Espíritos - cap. XI item 17 - (Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos)- cap. XIV - item 22, Obras Póstumas - §6.º - Dos Médiuns – item 34, Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IV, junho de 1861, Ano V, dezembro de 1862, Ano VI, janeiro de 1863



E SENSAÇÔES

Pesquisa: Elio Mollo

Obs: As obras da pesquisa são citadas no texto.




Quando falamos da alma ou espírito elementar devemos considerar o espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou invólucro material. Assim na resposta da questão 23 de O Livro dos Espíritos, livro 1º., cap. II, podemos observar que a alma é o princípio inteligente do Universo.



É assim que Allan Kardec nos instrui no livro O que é o Espiritismo - Cap. II, itens 9, 10 e 14 quando diz:



Que durante a vida a alma está ligada ao corpo e, tem duplo envoltório:

*

um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo;
*

o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.

Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais:

1º . A alma ou espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral;


2º . O corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo exterior;



3º. O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o Corpo.”

*

A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem.
*

A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito.

In nota referindo-se aos itens acima citados o codificador do Espiritismo esclarece que:

*

A alma é assim um ser simples;
*

o Espírito um ser duplo (1), e
*

o homem um ser triplo.

Seria portanto mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença.



O perispírito é o órgão de transmissão de todas as sensações do espírito. O corpo recebe uma sensação que vem do exterior, o perispírito que está ligado a esse corpo transmite essa sensação e o espírito, que é o ser sensível e inteligente a recebe. E vice-versa: quando o ato é de iniciativa do espírito, o perispírito transmite e o corpo executa. (2)



Sobre as sensações e percepções do espírito Kardec in Revista Espírita - janeiro 1866 (A JOVEM CATALÉPTICA DE SOUABE), diz que:



A alma é o ser inteligente;

*

nela está a sede de todas as percepções e de todas as sensações;
o

sente e pensa por si mesma;
o

é individual, distinta, perfectível, pré-existente e sobrevivente ao corpo.

O corpo é seu envoltório material:

*

É o instrumento de suas relações com o mundo visível.

*

Durante a sua união com o corpo, ela percebe por intermédio dos sentidos, transmite seu pensamento com a ajuda do cérebro;
*

Separada do corpo, ela percebe diretamente e pensa mais livremente.

*

Tendo os sentidos uma importância circunscrita, as percepções recebidas por seu intermédio são limitadas, e, de alguma sorte, amortecidas;
*

Recebidas sem intermediário, são indefinidas e de uma sutileza que nos espanta, porque ultrapassa, não a força humana, mas todos os produtos de nossos meios materiais.

Pela mesma razão o pensamento transmitido pelo cérebro é peneirado por assim dizer através desse órgão. A grosseria e os defeitos do instrumento o paralisam e o abafam em parte, como certos corpos transparentes absorvem uma parte da luz que os atravessa. A alma, obrigada a se servir do cérebro, é como um músico muito bom diante de um instrumento imperfeito. Livre desse auxiliar incômodo, ela desdobra todas as suas faculdades.

*

Tal é a alma durante a vida e depois da morte;


o

Há, pois, para ela, dois estados:

*

O de encarnação ou de constrangimento, e o de
*

desencarnação ou de liberdade;

Em outros termos:

*

O da vida corpórea e
*

O da vida espiritual.
*

A vida espiritual é a vida normal, permanente da alma;
*

A vida corpórea é transitória e passageira.

Durante a vida corpórea, a alma não sofre constantemente o constrangimento do corpo, e aí está chave desses fenômenos físicos que não nos parecem tão estranhos senão porque nos transportam para fora da esfera habitual de nossas observações; são qualificados de sobrenaturais, embora em realidade estejam submetidos a leis perfeitamente naturais, mas porque essas leis nos eram desconhecidas. Hoje, graças ao Espiritismo, que fez conhecer essas leis, o maravilhoso desapareceu.

*

Durante a vida exterior de relação, o corpo tem necessidade de sua alma ou Espírito por guia, a fim de dirigi-lo no mundo; mas
*

Nos momentos de inatividade do corpo, a presença da alma não é mais necessária;
*

Dele se liberta, sem no entanto deixar de estar-lhe presa por um laço fluídico que a chama desde que a necessidade de sua presença se faça sentir;
*

Nesses momentos ela recobra em parte a liberdade de agir e de pensar da qual não gozará completamente senão depois da morte do corpo, quando dele estará completamente separada.

Essa situação foi espiritualmente e muito veridicamente descrita pelo Espírito de uma pessoa viva, que se comparava a um balão cativo, e por um outro, o Espírito de um idiota vivo que dizia ser como um pássaro preso pelo pé. (Revista Espírita, junho de 1860, p. 173.)

*

Esse estado, que chamamos emancipação da alma, ocorre normalmente e periodicamente durante o sono;
*

Só o corpo repousa para recuperar suas perdas matérias; mas o Espírito, que nada perdeu, aproveita esse descanso para se transportar onde quer.

Além disto, ocorre excepcionalmente todas as vezes que uma causa patológica, ou simplesmente fisiológica, produz a inatividade total ou parcial dos órgãos da sensação e da locomoção; é o que se passa na catalepsia, na letargia, no sonambulismo.

*

O desligamento ou, querendo-se, a liberdade da alma é tanto maior quanto a inércia do corpo é mais absoluta;

É por esta razão que o fenômeno adquire o seu maior desenvolvimento na catalepsia e na letargia. Neste estado, a alma não percebe mais pelos sentidos materiais mas, podendo-se exprimir-se assim, pelos sentidos psíquicos; é porque suas percepções ultra-passam os limites comuns; seu pensamento age sem o intermédio do cérebro, é por isto que ela desdobra as faculdades mais transcendentais do que no estado normal.

*

A causa do fenômeno da segunda vista não é outro senão a visão direta pela alma;
*

Da visão à distância, que resulta no transporte da alma ao lugar que ela descreve; da lucidez sonambúlica, etc.

A ciência procurará em vão a solução desses fenômenos enquanto fizer abstração do elemento espiritual, porque é nela que está a chave de todos esses pretensos mistérios.



Na Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), ANO 9 - JANEIRO 1866 - Nº. 1:

"Publica-se neste momento uma importante obra que interessa no mais alto grau à Doutrina Espírita, e que não podemos melhor fazer conhecer senão pela análise do prospecto.

NOVO DICIONÁRIO UNIVERSAL, panteão literário e enciclopédia ilustrada, por MAURICE LACHATRE, com o concurso de sábios, de artistas e de homens de letras, segundo os trabalhos de: Allan Kardec, Ampère, Andral, Arago, Audouin, Balbi, Becquerel, Berzelius, B!ot, Brongnard, Burnouf, Chateaubriand, Cuvier, Flourens, Gay- Lussac, Guizot, Humboldt, Lamartine, Lamennais, Laplace, Magendie, Michelet, Ch. Nodier, Orfila, Payen, Raspail, de Sacy, J. B. Say, Thiers, etc., etc."


(...)


Em apoio às observações acima e como espécime da maneira pela qual as questões espíritas são tratadas nessa obra, citaremos a explicação que se encontra para a palavra ALMA. Depois de ter longamente e imparcialmente desenvolvido as diferentes teorias da alma, segundo Aristóteles, Platão, Leibniz, Descartes e outros filósofos, que não podemos reproduzir por causa de sua extensão, o artigo termina assim:

"SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA, a alma é o princípio inteligente que anima os seres da criação e lhes dá o pensamento, a vontade e a liberdade de agir. Ela é imaterial, individual e imortal; mas sua essência íntima é desconhecida: não podemos concebê-la absolutamente isolada da matéria senão como uma abstração. Unida ao envoltório fluídico etéreo ou perispírito, ela constitui o ser espiritual concreto, definido e circunscrito chamado Espírito. (V. ESPÍRITO, PERISPÍRITO.) Por metonímia, emprega-se freqüentemente as palavras alma e espírito uma pela outra; diz-se: as almas sofredoras e os espíritos sofredores; as almas felizes e os espíritos felizes; evocar a alma ou o espírito de alguém; mas a palavra alma desperta antes a idéia de um princípio, de uma coisa abstrata, e a palavra espírito a de uma individualidade.

"O espírito unido ao corpo material pela encarnação constitui o homem;



de sorte que no homem há três coisas:



- a alma propriamente dita, ou princípio inteligente;

- o perispírito, ou envoltório fluídico da alma;

- o corpo, ou envoltório material.



- A alma é assim um ser simples;

- o espírito, um ser duplo composto da alma e do perispírito;

- o homem, um ser triplo composto da alma, do perispírito e do corpo.



- O corpo separado do espírito é uma matéria inerte;

- o perispírito separado da alma é uma matéria fluídica sem vida e sem inteligência.

A alma é o princípio da vida e da inteligência; foi, pois, erradamente que algumas pessoas pretenderam que dando à alma um envoltório fluídico semi-material, o Espiritismo dela fez um ser material.

"A origem primeira da alma é desconhecida, porque o princípio das coisas está nos segredos de Deus, e que não é dado ao homem, em seu estado atual de inferioridade, tudo compreender. Não se pode, sobre este ponto, formular senão sistemas. Segundo uns, a alma é uma criação espontânea da Divindade; segundo outros é mesmo uma emanação, uma porção, uma centelha do fluido divino. Aí está o problema sobre o qual não se pode estabelecer senão hipóteses, porque há razões pró e contra. A segunda opinião se opõe, no entanto, esta objeção fundada: sendo Deus perfeito, se as almas são porções da Divindade, elas deveriam ser perfeitas, em virtude do axioma de que a parte é da mesma natureza que o todo; desde então, não se compreenderia que as almas fossem imperfeitas e que tivessem necessidade de se aperfeiçoar. Sem nos deter nos diferentes sistemas tocando a natureza íntima e a origem da alma, o Espiritismo a considera na espécie humana; ele constata, pelo fato de seu isolamento e de sua ação independente da matéria, durante a vida e depois da morte, sua existência, seus atributos, sua sobrevivência e sua individualidade. Sua individualidade ressalta da diversidade que existe entre as idéias e as qualidades de cada um no fenômeno das manifestações, diversidade que acusa para cada uma existência própria.

Um fato não menos capital ressalta igualmente das observações: é que a alma é essencialmente progressiva, e que adquire sem cessar em saber e em moralidade, uma vez que se as vê em todos os graus de desenvolvimento. Segundo o ensino unânime dos Espíritos, ela é criada simples e ignorante, quer dizer, sem conhecimentos, sem consciência do bem e do mal, com uma igual aptidão para um e para outro e para tudo adquirir. Sendo a criação incessante e por toda a eternidade, há almas chegadas ao cume da escala, enquanto que outras nascem para a vida; mas, tendo todas o mesmo ponto de partida, Deus não as criou melhor dotadas umas do que as outras, o que é conforme a sua soberana justiça: uma perfeita igualdade presidindo a sua formação, elas avançam mais ou menos rapidamente, em virtude de seu livre arbítrio e segundo seu trabalho.

Deus deixa assim a cada uma o mérito e o demérito de seus atos, e a responsabilidade cresce à medida que se desenvolve o senso moral. De sorte que, de duas almas criadas ao mesmo tempo, uma pode chegar ao objetivo mais depressa do que a outra, se trabalha mais ativamente para a sua melhoria; mas aquelas que permaneceram atrasadas chegarão igualmente, embora mais tarde e depois de rudes provas, porque Deus não fecha o futuro para nenhum de seus filhos.

A encarnação da alma num corpo material é necessária para o seu aperfeiçoamento; pelo trabalho de que a existência corpórea necessita, a inteligência se desenvolve. Não podendo, numa única existência, adquirir todas as qualidades morais e intelectuais que devem conduzi-la ao objetivo, ela ali chega passando por uma série ilimitada de existências, seja sobre a Terra, seja em outros mundos, em cada um dos quais ela dá um passo no caminho do progresso e se despoja de algumas imperfeições. Em cada existência a alma leva o que adquiriu nas existências precedentes. Assim se explica a diferença que existe nas aptidões inatas e no grau de adiantamento das raças e dos povos. (V. ESPÍRITO, REENCARNAÇÃO.)"

Para estudar mais sobre a alma encontramos em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, PARTE 2ª. - CAPÍTULO II, obra codificada por Allan Kardec:

134. Que é a alma?
“Um Espírito encarnado.”

Observação (A Era do Espírito): Note-se que a alma no mundo dos Espíritos utiliza-se do perispírito para a manifestação da sua individualidade, assim, no mundo espiritual a alma + perispírito = Espírito, e, quando na Terra é um Espírito encarnado, ou melhor, alma + perispírito + corpo físico = homem. (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obra de autoria de Allan Kardec).

134a) - Que era a alma antes de se unir ao corpo?
“Espírito.”

Observação (A Era do Espírito): No mundo espiritual a alma + perispírito = Espírito

134b) - As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa?
“Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.”

135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?
“Há o laço que liga a alma ao corpo.”

135a) - De que natureza é esse laço?
“Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”

NOTA DE ALLAN KARDEC - O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:

1º. - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2º. - a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
3º. - o princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.

136. A alma independe do princípio vital?
“O corpo não é mais do que envoltório, repetimo-lo constantemente.”

136a) - Pode o corpo existir sem a alma?
“Pode; entretanto, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que, depois dessa união se haver estabelecido, a morte do corpo rompe os laços que o prendem à alma e esta o abandona. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.”

136b) - Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
“Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”

149. Em que se torna alma no instante da morte?
“Torna-se Espírito; isto é, entra no mundo dos Espíritos que havia deixado momentaneamente”.

Observação (A Era do Espírito): De alma + perispírito + corpo físico = homem a alma volta a ser Espírito, ou seja, alma + perispírito = Espírito. (Ver O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 (obra de autoria de Allan Kardec).



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(1) Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.” (Questão 76 in O Livro dos Espíritos obra codificada por Allan Kardec)

NOTA DE ALLAN KARDEC: A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.


(2) Allan Kardec in O Livro dos Espíritos - qs. 245, 249, 249a, item 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos) e qs. de 367 à 372a (Influência do organismo), O Livro dos Médiuns - 1a parte, cap. II, item 14 - 1a parte, cap. IV, item 51 - 2a parte, cap. I, item 54 e 58 - 2a parte, cap. XVII, item 203 - 2a parte, cap. XIX, item 223, qs. 2ª, 2ªa e 6ª - 2a parte, cap. XIX, item 225 e 2a parte, cap. XXII, item 236, A Gênese - cap. I item 40 - cap. II item 23 - Encarnação dos Espíritos - cap. XI item 17 - (Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos)- cap. XIV - item 22, Obras Póstumas - §6.º - Dos Médiuns – item 34, Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IV, junho de 1861, Ano V, dezembro de 1862, Ano VI, janeiro de 1863

Pesquisa: Elio Mollo

Um comentário:

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